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Resumo Acadêmico – Dicas e Exemplos

Uma das atividades comunicativas que mais comumente realizamos é o ato de resumir.  A cada instante estamos retextualizando algo de forma mais sintética que o original. Assim sendo, o resumo acaba por se tornar um gênero textual bastante usual e pode variar, inclusive segundo a formalidade do contexto. E assim temos o resumo acadêmico…

Tais quais os gêneros textuais mais comumente conhecidos, os gêneros acadêmicos possuem uma flexibilidade de forma e função que, muitas vezes, dificultam sua definição e estrutura. Em nossa experiência acadêmica, o que encontramos são variações de um gênero que acabam por se completar. Desse modo, mesmo um livro que se dedique a explorar apenas o gênero ‘resumo’ não daria conta de todo potencial linguístico e didático desse gênero. No entanto, ousamos aqui expor algumas considerações sobre esse gênero textual objetivando oferecer mais algumas sugestões, alem das conhecida pelo leitor, sobre como fazer um resumo.

O que é um resumo?

Definir um gênero textual é uma tarefa difícil, como já mencionamos, por conta de sua flexibilidade. Se procurarmos em um dicionário comum como o Mini Aurélio escola do século XXI, encontraremos explicações como ‘exposição abreviada’, ‘apresentação concisa’, ‘aquilo que representa, ilustra ou traz em si as principais características de algo maior’.

Se partirmos para obras mais especializadas, como Dicionário de gêneros textuais, de Sergio Roberto Costa, podemos ler na pagina 161.:

“(…) pode ser uma apresentação abreviada de um texto ou conteúdo de livro, peça teatral, argumento de filme, etc. Constitui, então, um gênero em que se reduz um texto qualquer, apresentando-se seu conteúdo de forma concisa e coerente, mantendo-se o tipo textual do texto principal. Também pode se referir a uma exposição sintetizada de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos, das características básicas de alguma coisa, com finalidade de transmitir uma ideia geral sobre seu sentido.”

O mesmo autor, nesse verbete, indica a leitura de ‘abstrato’ ou ‘abstract’ defendendo ser este um resumo de trabalho acadêmico. Ele explicita na pagina 29:

“(…) colocado, em geral, antes/ acima do texto principal, é um resumo conciso, coerente e objetivo dos pontos principais ( objetivo, objeto, base teórica, metodologia [material e métodos], analise, resultados e conclusões) de um artigo científico,dissertação, tese, relato de caso, etc. Nestes tipos de trabalhos científicos, o ABSTRACT é redigido em língua diferente da do texto principal. Nos textos escritos

em Língua Portuguesa, usa-se a palavra RESUMO, enquanto ABSTRACT é usado para a síntese redigida em língua estrangeira (Inglês, geralmente).”

Assim, um resumo pode ser de um livro, de uma parte de um livro, etc.; já o resumo acadêmico cumpre uma função mais específica de apresentar uma visão geral de um trabalho cujo autor tende a ser o mesmo (do texto e do resumo).

O fato é que um resumo pode ser considerado um texto derivado de outro texto, o texto original ou fonte e é um trabalho muito mais de extração de ideias que de produção. Consequentemente, devemos evitar fazer julgamentos e analises em um resumo. Isso cabe à resenha, um tipo de resumo crítico.

A qualidade de um resumo está, dentre outras coisas, ligadas ao domínio do texto original, isto é, quanto mais soubermos do tema, do autor e, principalmente, como o texto explora o assunto, maior será a possibilidade de produzir um bom resumo – e com menor dificuldade. Afinal, como vamos expor, em um resumo, os pontos chave do texto original repetidas vezes.

Alguns autores dividem o gênero resumo em resumos críticos ( ou resenha, que possuem características próprias); resumos indicativos (em que são dispensados dados e análises, o que obriga a leitura do original); resumos informativos (mais longos e completos, dispensando a leitura do original); e, por fim, o resumo acadêmico já mencionado acima.

Dentre as técnicas mais comuns utilizadas para se fazer resumos podemos destacar:

Seleção das ideias centrais: após lermos o texto, pelo menos duas vezes, é preciso que identifiquemos e retiremos as ideias centrais. Isso exige uma compreensão plena do texto para que, ao produzirmos nosso resumo não nos dispersemos;

• Apagamento das ideias secundarias: imagine que estamos com uma cópia a lápis do texto fonte e que começamos a apagar algumas partes. O texto original, digamos, fala sobre a contribuição de Chomsky para a Linguística.

Em certos trechos ele fala, além dessas contribuições, a história da Linguística antes de Chomsky, os trabalhos desse estudioso na área política e de críticas às perspectiva chomskyana da linguagem – ora, todos esses tópicos podem ser retirados sem que a ideia central seja comprometida. Assim reduzimos um texto de várias paginas a algumas linhas;

• Reelaboração de enunciados com paráfrases que generalizem diversas informações particulares: o uso de coletivos, sinônimos e hiperônimos aqui são de grande utilidade. Sendo bem claro, um exemplo que geralmente usamos em sala para explicar esse procedimento é transformar a frase: “João foi ao supermercado comprar laranjas, bananas, goiabas, uvas, maçãs e três caixas de leite” em “João foi ao supermercado comprar frutas e leite”, ou, como costumamos dizer em algumas regiões do país, “João foi fazer mercantil”. As palavras “laranjas, bananas, goiabas, uvas, maçãs” estão resumidas em “frutas” e a expressão “fazer mercantil” indica todo o conjunto.

• Combinações de diferentes tópicos frasais cujas ideias são repetidas: ao usarmos, por exemplo, “João entrou na sala e puxou uma cadeira. Ao seu redor as pessoas usavam roupas comuns, sem grandes detalhes. Conversavam entre si com uma linguagem cheia de gírias que refletiam a suas roupas, afinal todos se conheciam”, percebemos vários tópicos usados para explicar o contexto informal que João estava. Assim, poderíamos resumir: “João entrou e sentou na sala cujo contexto era informal”;

Construção de frases sintéticas que incluam várias ideias: na primeira versão desse texto havíamos escrito: “dentre as técnicas utilizadas para se fazer resumos destacamos a seleção das ideias centrais e apagamento das secundárias, reelaboração de enunciados com generalizações, combinações de diferentes tópicos frasais cujas ideias são repetidas e construção de frases sintéticas que incluam várias ideias”. Notemos como todos os pontos abordados anteriormente foram expostos, mas de modo muito geral.

Decidimos pelo caminho contrário ao resumo e tornar o texto mais detalhado.

A principio pode parecer que são muitas informações, mas o interessante é que vários estudos apontam que nós já usamos a maioria dessas técnicas inconscientemente ao fazer um resumo. Então, o que necessitamos é o exercício constante tendo consciência dos procedimentos que estamos usando e refletindo sobre sua utilidade para nossos objetivos na produção do resumo. Aqui importa frisar que produzir textos é uma atividade como qualquer outra: exige prática constante e é tal prática que torna essa atividade cada vez mais fácil.

Modelo de resumo acadêmico:

Clique no ícone abaixo e baixe alguns modelos de resumos acadêmicos.

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Sugestão de leitura:

Antonio Carlos Xavier: Como fazer e apresentar trabalhos científicos em eventos acadêmicos

Dicionario de gêneros textuais, de Sérgio Roberto costa.

Por fim, mas talvez a sugestão mais relevante, há, na Parábola Editorial, a coleção Leitura e produção de textos técnicos e acadêmicos, cujo primeiro volume trata exatamente de resumos. A obra possui uma vasta sequência de exercícios que visam o conhecimento e aperfeiçoamento da produção de resumos. As autoras (Anna Rachel Machado, Eliane Lousada e Lília Santos Abreu-Tardelli) preocuparam-se em produzir um livro claro, objetivo de linguagem acessível. Vale a pena conferir.

Um comentário sobre “Resumo Acadêmico – Dicas e Exemplos

  • Gostei do tratamento dado ao conteúdo abordado quanto ao destaque da funcionalidade do gênero e de sua estrutura textual e formatação. No entanto, penso que a publicação deixou a desejar no quesito texto base, uma vez que o “modelo” apresentado representa um fôrma a ser preenchida e essa não é a maneira mais adequada para o ensino da prática escrita.
    Seria bem mais interessante a apresentação de resumos prontos e a discussão dos aspectos que destaquei acima, isso possibilitará ao leitor perceber a variação entre textos de um mesmo gênero conforme aponta Bakhtin ao inferir que eles são estruturas relativamente estáveis.

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