Correlação Verbal – Exemplos e Exercícios
A escolha e a combinação dos tempos verbais em uma situação comunicativa devem estar em perfeita sintonia para que o texto forme um todo articulado. Os tempos, os modos e os aspectos dos verbos são responsáveis pela unidade de sentido, pela interação entre o períodos coordenados, subordinados e entre uma enunciação e outra. A isso dá-se o nome de correlação verbal, tema frequentemente cobrado em vestibulares.
Na língua falada é muito comim atropelos linguísticos que promovem dissonâncias entre o que se pretende dizer e o que de fato se diz. Construções como ‘ Você quer eu faço isso ainda hoje’’ propõem, equivocadamente, uma noção de certeza – estabelecida pelo emprego do presente do indicativo ( faço ) – no lugar da hipótese, sugerida pela intenção do falante. A simples substituição do modo indicativo para o subjuntivo garante a unidade discursiva ‘ Você quer que eu faça isso ainda hoje?’’.
Há casos em que um pouco de intuição, aliada a uma boa noção temporal, resolve o problema: ‘ Se eu fosse você, faria isso’. É bem possível que qualquer falante perceba a desarticulação ( ausência de correlação ) dos períodos estabelecida pelas formas verbais ‘fosse’ ( no pretérito imperfeito do subjuntivo ), indicador de dúvida no passado, e ‘ farei ’ ( no futuro do presente do indicativo ), indicador de certeza no futuro atrelado a um fato presente. A correlação adequada seria com o verbo ‘ fazer’, flexionado no futuro do pretérito do indicativo para que a unidade temporal fosse perfeitamente sintonizada, uma vez que ‘ faria’ é uma ação futura que depende da concretização de um fato hipotético no passado ( fosse ).
Por outro lado, a correlação inadequada do pretérito imperfeito do subjuntivo com o pretérito imperfeito do indicativo é tão comum que parece adequada: ‘ Se eu tivesse dinheiro, eu viajava’ ou ‘ Se eu fosse você, só usava Valisére’’ ( slogan de uma famosa marca de lingerie que virou bordão ). Nos dois exemplos, temos uma discrepância, pois as ações dos períodos estão todas no passado ‘tivesse/fosse’ ( imperfeito do subjuntivo ) e ‘ viajava/usava’ ( imperfeito do indicativo ), muito embora no português de Portugal essa correlação seja recorrente e alguns teóricos a legitimem.
A maioria das provas dos principais exames vestibulares do país exige do aluno clareza em relação à combinação e à sintonia comunicativas, algo fundamental para que se obtenha sucesso na elaboração de textos claros.
As correlações verbais mais frequentes:
Presente do indicativo + presente do subjuntivo:
“Quero que você cumpra seu dever”
Pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo:
“Exigi que ele refizesse os cálculos.”
Presente do indicativo + pretérito perfeito composto do subjuntivo:
“Espero que ele tenha compreendido a lição.”
Pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfeito composto do subjuntivo:
‘ Gostaria de que ela tivesse comprado o vestido.”
Futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo:
“Se você fizer o dever, eu ficarei feliz.”
Pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo:
“Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas.”
Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo:
“Se você tivesse comprado o vestido, nós teríamos ido à festa.”
Futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo:
“Quando você tiver paciência, ensinarei a receita.”
Futuro do subjuntivo + futuro do presente composto do indicativo:
“Quando você fizer sua parte, já terei feito a minha.”